“Antes eu não enxergava, agora já consigo ver um metro à minha frente. Até o final dos estudos verei um quilômetro!” Estas são as palavras de um aluno do primeiro ano do curso médio em teologia (3 anos) quando lhe perguntei como estava sendo a experiência de estudar no IBS. Ele é um retrato da maior necessidade das igrejas em Moçambique: treinamento dos seus obreiros.
Ainda há muitos líderes, e até mesmo pastores, que tem pouco ou nenhum preparo bíblico e teológico para pastorear, ensinar e liderar eficazmente suas igrejas. Portanto, ainda há muitas oportunidades em Moçambique para ensinar a Palavra de Deus, treinar obreiros e mobilizar os crentes para o cumprimento da grande comissão. E foi justamente por perceberem esta necessidade que pastores de 14 igrejas solicitaram a ajuda da MIAF para iniciar uma escola bíblica em 1988.
Assim nasceu o Instituto Bíblico de Sofala (IBS), cuja missão tem sido desde o início a formação de pessoas que querem servir melhor a Deus, capacitando-as para exercerem o ministério cristão, contribuindo, assim, para o crescimento da Igreja Moçambicana. Neste sentido os missionários da MIAF que servem no IBS estão contribuindo para o alcance da Visão 2020, na área de treinamento e mobilização de obreiros africanos.
Atualmente o IBS conta com 127 alunos, sendo 28 do Curso de Professores de Crianças, 18 do Elementar de Estudos Bíblicos, 9 do curso Básico em Teologia, 22 do curso Médio, 27 do Bacharel, 16 no Instituto Bíblico do Dondo (extensão), 7 alunos especiais (concluíram as disciplinas mas estão escrevendo a monografia).
Assim nasceu o IBS, cuja missão tem sido desde o início a formação de pessoas que querem servir melhor a Deus, capacitando-as para exercerem o ministério cristão, contribuindo, assim, para o crescimento da Igreja Moçambicana
Outros enfrentam lutas com a saúde pessoal ou familiar ou até situações familiares que exigem muito tempo e recursos. Outros lutam com a falta de recursos. A maioria dos alunos paga as mensalidades e transporte com recursos próprios, que geralmente são escassos, devido à situação econômica do país. Alguns estão desempregados, outros fazem trabalhos esporádicos, outros tem pequenos negócios, e alguns tem emprego fixo. Por isso é de fundamental importância o programa de bolsas de estudo do IBS, mantido com ofertas de alguns irmãos de diferentes países.
Outra dificuldade é a falta de apoio das igrejas. Se a maior parte das igrejas não sustenta seus obreiros, porque iria sustentar um “seminarista”? Outros sofrem com a pressão familiar e social para que façam algum curso técnico ou superior com o qual “ganhem alguma coisa”, ao invés de gastar seu tempo “estudando teologia”. Estas são causas reais, mas não podemos esquecer que o inimigo das nossas almas ruge como leão, procurando pessoas (especialmente seminaristas) para devorar, ou seja, tudo pode ser usado pelo Diabo para desviar os alunos dos estudos e do crescimento espiritual, o que, em última análise, causa prejuízo à igreja de Cristo.
Creio que isso demonstra um pouco dos desafios de estudar a Palavra de Deus no contexto moçambicano e que se traduz num índice de desistência de 40% para os cursos Básico, Médio e Bacharel em Teologia. Portanto, temos um desafio duplo: primeiro, trazer o aluno para escola; segundo, manter o aluno até o fim do seu curso. Mas, isso pode ficar mais leve para os que já estão nesta batalha, através da sua participação.